A fotografia era uma invenção cativante, porém, em pouco se investia para sua popularização massiva. Apesar do negativo permitir a reprodução das fotografia, não eram um produto acessível a todos. Isso muda com o inventor americano George Eastman. Apesar de ser um fascinado confesso pela fotografia, Eastman sempre acreditou que o processo de obtenção da imagem era algo confuso e trabalhoso. Em 1880, ele decidiu entrar no mercado fotográfico, criando emulsões especiais que diminuíram a velocidade necessária para se capturar uma imagem. Com uma incrível visão empreendedora para o seu tempo, Eastman empregou suas emulsões em pequenas películas que ficavam ordenadas em rolos, ou seja, o primeiro file fotográfico. Contudo, era preciso um novo aparelho para utilizar sua invenção. Eis que Eastman cria a primeira máquina fotográfica comercial e, investindo em propaganda e marketing, formula o logo “você aperta o botão e nós fazemos o resto” como pode ser visto no cartaz abaixo.
O marca da máquina? Kodak. Outro nome que foi uma jogada de mestre de Eastman, pois queria associar o barulho que a máquina fazia ao bater uma foto com uma palavra que não fosse confundida com nenhuma outra. O preço da máquina, U$25, era uma pequena fortuna para a época, então ele criou um novo modelo, adaptado também ao público infantil que era vendido a U$1, a Kodak Brownie. O preço da máquina associado à durabilidade e ao tamanho dos rolos fotográficos logo popularizaram a fotografia como uma mania nacional norte-americana. E, conseqüentemente, mundial.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
O surgimento de um mercado
A criação dos negativos fotográficos
Quando Daguerre apresentar seus inventos à comunidade científica, sem apresentar demais detalhes sobre o projeto de obtenção de imagens, o inventor inglês William Fox Talbot também decidiu apresentar ao mundo suas fotografias, as quais já tinham quatro anos. Ao contrário das imagens capturadas pelo “rival” francês, Talbot apresentou por vontade própria como funcionava o processo científico de sua invenção, o desenho fotogênico. Em 1841, o próprio Talbot aperfeiçoou esse processo adaptando idéias de outros inventores da área, dando-lhe o nome de “calótipo” – do grego, “boa imagem” – ou “talbótipo” pelo qual era possível criar várias reproduções de uma mesma imagem. Era o surgimento do negativo, pelo qual era possível identificar as imagens latentes na imagem fotografada e que posteriormente, daria origem ao filme fotográfico. Além disso, Talbot foi político e um importante fotógrafo que retratou o cotidiano de grandes cidades.
William Fox Talbot - O cocheiro (The footmen)
A imagem acima, um calótipo de 1839, é a primeira fotografia em papel de um ser humano. Seria um dos testes realizados por Talbot no final da década de 30 do século XIX, durante o processo de revelação da fotografia. Durante o processo, ao invés de usar a convencional substancia hipotônica de trisulfato de sódio, Talbot utilizou sal comum. A reação química subseqüente acabou dando uma tonalidade rosada a imagem. Atualmente esta imagem encontra-se na biblioteca da Universidade do Texas, EUA, fechada em um invólucro escuro, pois a simples exposição à luz intensa poderia iniciar uma reação química que a apagaria por completo.
Uma característica peculiar que podemos ver nas fotografias pré-século XX seria que em sua maioria as imagens eram tiradas por fotógrafos profissionais, mostrando geralmente figuras da elite, trajando suas melhores vestes e posando para fotos exacerbando sua família e riquezas. Andar de coche, por exemplo, era um privilégio para poucos e o condutor estava sempre vestido com classe para atender quem dispunha de dinheiro para uma viagem. A razão disto seria de que o processo fotográfico era caro e complicado, sendo dominado apenas por pessoas com algum conhecimento de todo o processo físico/químico de captura e revelação das fotos. As camadas menos abastadas não tinham acesso a nenhum dos dois elementos: nem o dinheiro, nem o conhecimento. A fotografia, em seu inicio, era um luxo apenas das classes ricas.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
Daguerre e Florence: os outros Pais da Fotografia
O terceiro grande nome a fazer experimentos com sucesso no processo de captura de imagens foi o francês Louis Daguerre. Pintor, inventor e colaborador de Niépce, criou o daguerreótipo em 1839. No processo, a imagem era obtida por meio de haleto de prata e vapor de iodo expostos em uma superfície espelhada e polida. Tal combinação acabava delinear as partes claras e escuras do tema retratado em questão. A revolução desse invento foi a diminuição de tempo necessário para se tirar uma fotografia – que poderia chegar a incríveis dez minutos! – e o barateamento da fotografia. Após ser declarado pelo governo francês como um invento de “domínio público” e “um presente para toda a humanidade”, explode a primeira febre da fotografia, ou melhor, do daguerreótipo. Mais acessível e requerendo um menor trabalho, os retratos se proliferam nos Estados Unidos e França, em menor escala na Inglaterra e atinge até mesmo o Japão e outros países do Oriente. O conteúdo das fotos se diversificou: desde retratos familiares até produção de material pornográfico. Entretanto, o daguerreótipo era também um material frágil que exigia um enorme cuidado para ser preservado. As imagens que ainda hoje sobrevivem são protegidas por cápsulas de vidro para evitar sua oxidação Entre as muitas fotografias de Daguerre, “Boulevard du Temple” é uma de suas mais famosas. Procurando testar os limites de sua invenção, ele escolheu fotografar o lugar, próximo ao centro de Paris, justamente por ele ser um dos mais movimentos da cidade – como pode se ver pela larga avenida e pela enorme quantidade de edifícios e estabelecimentos comerciais. No entanto, como já foi mencionado acima, o processo de obtenção de imagem levava vários minutos para ficar pronto e era necessário que o objeto estivesse imóvel para que fosse retratado com perfeição. No entanto, devido ao tamanho da paisagem e ao intenso movimento da rua, foram necessários aproximadamente dez minutos para que a imagem ficasse pronta. Ironicamente os carros e pessoas acabaram por não aparecer na imagem dando a impressão de uma rua vazia com exceção de uma pessoa (canto inferior esquerdo apoiado em um dos postes). Supõe-se que este homem havia parado para ter suas botas engraxadas por um trabalhador de rua e, por estar imóvel por alguns minutos, acabou sendo registrado na foto. Este homem sem rosto talvez nunca soube, mas foi uma das primeiras pessoas do mundo a serem registrada em um daguerreótipo. Por um instante, ele e o engraxate foram as duas únicas pessoas que estavam no Boulevard du Temple. Um instante que entrou para a história...
(1838) (clique na imagem para ampliar)
sábado, 28 de junho de 2008
A paixão pelas imagens!
Pode-se dizer que a paixão do homem pela imagem é antiga. As gravuras dos homens das cavernas têm cerca de 40.000 anos de história e retratava o dia-a-dia das mais antigas civilizações e suas atividades como caça, pesca, cultos e organização social. Com o surgimento das primeiras grandes sociedades, as artes da imagem se tornam mais refinadas, assumindo grande importância no Egito, na Grécia e em Roma.
A pintura consiste em uma representação da sociedade produzida por um homem influenciado pelo seu tempo e pelos acontecimentos à sua volta. Durante o medievo, a arte sacra tinha a função de disciplinar os homens de acordo com as regras de Deus e no período Renascentista, de resgatar o sentimento de dignidade humana e desenvolvimentismo científico segundo o estudioso E. H. Gombrich. É também na Renascença que surgem alguns experimentos importantes na constante vontade do homem em capturar cenas de seu cotidiano, como a câmara escura.
Entretanto, isso só será possível com o advento da fotografia anos mais tarde, durante a explosão de crescimento desencadeada pela Revolução Industrial no século XIX. Muitos processos para obtenção de uma imagem fotográfica foram descobertos e aperfeiçoados e a primeira fotografia que sem tem registro foi tirada pelo francês Joseph Nicephore Niépce.
Joseph Nicephore Niépce -Vista da Janela em Le Gras (1826)
Tirada em 1826, o negativo desta fotografia só foi de fato descoberto e revelado em março de 1952 pelo historiador alemão Helmut Gernsheim com auxilio do Research Laboratory of the Eastman Kodak Company em Harrow, Inglaterra. Suas dimensões são de 20.3 x 25.4 cm. Ela foi tirada graças a um processo inventado pelo próprio Niepce chamado heliografia (em grego, “escrita do sol”), o qual demorava um bom tempo para se atingir o resultado final.
A imagem documenta a vista de uma das janelas dos fundos da casa de Niépce no vilarejo de Saint-Loup-de-Varennes na Burgundia. À esquerda, vê-se a fachada de um celeiro (observe o telhado triangular), ao fundo, um pouco à esquerda, uma árvore com alguns raios de sol transpassando sua copa. O grande retângulo claro ao centro seria o telhado de uma cozinha (observe o detalhe do topo de uma chaminé a esquerda, próxima a arvore) a direita uma das alas da casa de Niépce.
Bem vindos!
Criamos o Retratos da História com o objetivo de apresentar, debater e analisar importantes momentos da história a partir de fontes imagéticas como a fotografia, o cinema, as charges, as histórias em quadrinhos, quadros, etc em uma linguagem acessível para que todos os visitantes possam despertar o desejo de interpretar, debater e descobrir a história por conta própria. Sejam bem-vindos e sintam-se a vontade.
Espero que apreciem nosso trabalho